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A história da cremação

Categoria Cerimônia Cremação Fé e espiritualidade

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A história da cremação

A cremação é um ritual fúnebre bastante antigo e empregado por diversas sociedades e culturas ao redor do mundo. No Brasil, a cremação tem se tornado cada vez mais comum em assistências funerais que, com o aumento do número de crematórios, tem possibilitado preços mais acessíveis do que aqueles praticados em sepultamentos tradicionais. Assim, a cremação na cultura brasileira vem sendo cada vez mais incorporada. Segundo o Sincep (Sindicato do Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil), nos últimos 5 anos a prática de cremar cadáveres cresceu em torno de 300%.

Para várias sociedades que viveram em épocas passadas, assim como a sociedade contemporânea com suas diversas crenças, a cremação e o fogo são percebidos de forma positiva como um meio transformativo pelo qual os indivíduos são libertos de suas impurezas, transgressões e de sua mortalidade.

A palavra “cremar” deriva do latim cremare que significa “queimar”, e sua raiz protoindo-europeia é Ker – que significa calor ou fogo (POKORNY, 1959). Segundo o arqueólogo, pesquisador e professor Terje Oestigaard, o fogo é uma reação que pode “personificar a mudança”, um elemento que tem o poder também simbólico de eliminar as influências maléficas. Outro aspecto visto como positivo, revelado em estudos arqueológicos, é que a cremação sugere a incorporação de maneira ativa e eficiente dos indivíduos nas esferas espirituais. Longe de destruir, a cremação transforma. Neste contexto, o conceito de transformação irreversível, mediada pelo calor, é apresentado aqui enquanto uma solução cultural que longe de destruir o corpo, transforma o corpo e, em algumas culturas, o fogo é visto como um agente de libertação da alma. Assim a cremação pode ser compreendida como uma primeira solução atuando enquanto um processo transformativo visível que tanto transforma o corpo quanto as relações sociais.

Nos países orientais, como o Japão, onde grande parte da população segue o budismo e o hinduísmo, a cremação é uma prática habitual e sagrada sendo que, para essas religiões, o fogo é também uma forma de purificar e libertar a alma.

Os hindus também atribuem ao fogo a capacidade de purificar a alma do falecido e assim permitir que ela entre nos reinos superiores, onde poderá renascer e se libertar dos maus espíritos. Contudo, muitos hindus têm abandonado algumas tradições e as famílias passaram a cremar os falecidos nos crematórios ao invés das cerimônias ao ar livre, prática bem usual antigamente.

Já no Ocidente, alguns países, dependendo da religião, optam por essa prática em detrimento ao sepultamento tradicional e pode-se verificar que quanto mais desenvolvido é o país maior é a adesão à cremação.

Em Portugual, a cremação acontece de forma semelhante ao Brasil, afinal a maioria dos portugueses é formada por católicos e a cremação foi permitida pela Igreja Católica a partir da década de 1960.

Os remanescentes humanos cremados, que denominamos de cinzas, raramente são deixados no lócus da pira funerária. A cremação consiste, portanto, em um dos vários ritos funerários considerando que, após um determinado período, as famílias, costumam realizar um outro rito funerário complementar que dará destinação final às cinzas. (Veja também o artigo “CREMAÇÃO EM BH: ENTENDA COMO FUNCIONA” em nosso Blog).

A escolha do destino final para as cinzas pode se tornar mais uma fonte de angústia às famílias. Com a morte, os vínculos estabelecidos com o ente querido se modificam, mas não se desfazem. Ficam as memórias e as lembranças que fazem parte da história de cada um e que devem ser preservadas.

Desfazer das cinzas pode parecer, para alguns, a perda de parte desses vínculos e, assim, muitas famílias as mantêm guardadas em casa. Talvez, por essa razão, a decisão de buscar um destino final para as cinzas seja muitas vezes adiada. Mas, tal panorama, muitas vezes acaba gerando a sensação de um rito inacabado, um ciclo que ainda precisa ser fechado. Por outro lado, na tentativa de se livrar da dor e do sofrimento gerados pela perda, algumas pessoas sentem a necessidade de dar um destino final rápido para as cinzas. Relatos de pessoas que optam por uma ou outra dessas condutas apontam, com frequência, frustrações. Frustrações decorrentes do fato de não se obter o tão esperado conforto e alento da “alma”.

Dispersar as cinzas em montanhas, rios e/ou no mar têm sido opções de muitas pessoas. Dessa forma, alguns encontram alento, principalmente se esse foi um desejo anteriormente expressado pelo morto. A sensação de dever cumprido e a certeza de ter completado um ciclo conforta as pessoas. Porém, dispersar as cinzas na natureza nem sempre tem sido uma experiência satisfatória. Com frequência, as pessoas revelam ter experimentado sensação de abandono e vazio ao escolher dispersar as cinzas. A ausência de um lugar específico para se fazer orações, no caso dos religiosos, e/ou de um lugar para se reverenciar os mortos após a dispersão das cinzas podem ser a fonte dessas angústias.

A Igreja Católica já se posicionou nesse sentido ressaltando que as cinzas não devem ficar em casa. Orienta, ainda, que as cinzas dos mortos sejam mantidas em “locais sagrados”, como cemitérios, igrejas ou em áreas idealizadas para este propósito.

A Cremação e o Bioparque

O BioParque foi idealizado para dar um destino ecológico às cinzas e permitir que as famílias eternizem as memórias de seus entes queridos. Um parque ecológico, cuidadosamente idealizado para que as famílias estabeleçam novos vínculos com seus entes queridos que já se foram. Um lugar onde as famílias, em paz junto à natureza, podem orar e reverenciar seus mortos. Dessa forma, o BioParque se apresenta como um aliado que acolhe e conforta as famílias nos momentos de grande sensibilidade.

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